domingo, 7 de abril de 2013

Tráfico humano e de órgãos



Caso de Taubaté: morte antecipada para vender órgãos de doador



Filme: Busca Implacável  (Tráfico humano na Europa)


sábado, 6 de abril de 2013

Tráfico Humano


Tráfico de Pessoas: alguns registro e dados estatísticos
Ir. Rosita Milesi, mscs
Não é raro encontrar relatórios sobre o tráfico de pessoas, mas, raro é, sim, encontrar dados estatísticos, números que revelem o tamanho e a abrangência deste crime. Sem maiores análises, apresento aqui alguns quadros ou breves relatos que podem ser ilustrativos desta realidade ainda tão encoberta e invisível quanto violadora de direitos.
1 – Segundo o Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas, divulgado pelo UNODC, em fevereiro de 2009, mais de 2,4 milhões de pessoas são atualmente vítimas de tráfico para fins comerciais;
2 – A exploração sexual é a finalidade de maior incidência no tráfico de pessoas, com 79% dos casos; e a exploração laboral registra 18% das situações identificadas de tráfico de pessoas.
3 - Vítimas oficialmente identificadas por autoridades governamentais em 71 países, nos quais as estatísticas foram disponibilizadas:

Ano
N° de vítimas
2003
11.706
2004
12.122
2005
13.127
2006
14.909
Total
51.864
                               Fonte: Global Report on Trafficking in Persons (UNODC, 2009)

4 – Perfil das vítimas, na soma dos casos em 61 países, em 2006:


Vítimas
% sobre o total de casos identificados pelas autoridades de 61 países
Mulheres
66%
Meninas
13%
Homens
12%
Meninos
9%
                               Fonte: Global Report on Trafficking in Persons, UNODC, 2009
5 – Vítimas de tráfico identificadas pelas autoridades na Guatemala, por nacionalidade, de janeiro de 2006 a março de 2008:

País de nacionalidade das vítimas
N° de vítimas identificadas
Nicarágua
414
El Salvador
443
Honduras
259
Colômbia
004
Panamá
005
Outros países A. Central e do Sul
5
Outros
77
Total
1125
                               Fonte: Global Report on Trafficking in Persons, UNODC, 2009
6 – O Brasil possui um Disque-Denúncia 100, e o total de denúncias relativas a tráfico somente de crianças e adolescentes foi o que segue no Gráfico:



7 – No Estado do Ceará, foi instalado, em 2005, o Escritório Estadual de Prevenção ao Tráfico de Seres Humanos e Assistência às Vítimas. O número de denúncias recebidas é crescente:

Ano
Denúncias recebidas
2005
10
2006
52
2007
11
2008
362
2009
340
2010 (até setembro)
398
                                                   Fonte: Relatório do Escritório, Adital, 24/09/10

8 - O relatório sobre o Tráfico de Pessoas para a Europa para fins de Exploração Sexual, divulgado no dia 29/06/10, pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), revelou que só na Europa existem cerca de 140 mil mulheres vítimas do tráfico humano que servem àqueles que procuram o mercado da exploração sexual. Por ano também são feitas 70 mil novas vítimas do crime organizado para exploração sexual.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estimou que estas 140 mil mulheres traficadas, em condições de servidão, façam, juntas, cerca de 50 milhões de programas sexuais por ano, a um valor médio de 50 euros cada. No total, isso representa um lucro anual que atinge 2,5 bilhões euros, ou seja, o equivalente a R$ 5,5 bilhões.   
Os dados se referem apenas à Europa Ocidental e mostram que a maior parte das pessoas traficadas vem de regiões vizinhas, como os Bálcãs (32%) e países da antiga União Soviética (19%). A América do Sul aparece em terceiro lugar de origem das vítimas, com representatividade de 13%. Segundo o relatório, é cada vez mais crescente o número de brasileiras traficadas. Em seguida, aparece a Europa Central com 7%, África, com 5% e Leste Asiático com 3%.
De modo geral, o estudo aponta a Espanha como o principal país de destino das vítimas, seguida por Portugal, Holanda e Alemanha. Entretanto, o relatório detalhou que as brasileiras e paraguaias, entre as vítimas sul-americanas, são destinadas, principalmente, para Espanha, Itália, Portugal, França, Holanda, Alemanha, Áustria e Suíça. Os dados revelam uma mudança nos últimos anos, pelo menos na Espanha, já que antes de 2003, eram as colombianas, a maioria das vítimas no país.
A estimativa de mulheres traficadas na Europa foi levantada pela ONU com base no número de 7.300 vítimas detectadas na Europa Ocidental em 2006. De acordo com a Organização, apenas 1 em cada 20 vítimas seria detectada, chegando, então, ao total de 140 mil mulheres. O relatório indica que as novas 70 mil vítimas anuais, expressam a rotatividade e o movimento do tráfico de pessoas, e explica que elas substituem aquelas que conseguiram se livrar do crime organizado, abandonando sua antiga condição ou, ainda tenham se transformado em novas aliciadoras.  
9 - Tráfico em Portugal
Já o Relatório Anual de 2009 do Observatório do Tráfico de Seres Humanos, do Ministério da Administração Interior de Portugal, revelou que 40% das mulheres vítimas do tráfico humano em Portugal são brasileiras. Baseado em 85 casos identificados em 2009, o estudo apontou que a maioria dessas mulheres originárias dos estados de Goiás, Minas Gerais e dos estados do Nordeste.
Para o diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal, Manuel Jarmela Paulus, o alto índice de brasileiras entre as vítimas está relacionado apenas ao número expressivo da comunidade brasileira em Portugal - com 100 mil pessoas, ou seja, mais de 20% do total de imigrantes no país. Segundo ele, o Serviço de Estrangeiros está trabalhando em parceria com autoridades brasileiras para combater o tráfico de seres humanos nos dois países.
O relatório de Segurança Interna português também especificou algumas características sobre os traficantes e aliciadores. Geralmente são de nacionalidade portuguesa, romena, brasileira, ucraniana e eslovaca, e para conquistar a vítima, oferecem propostas de trabalho com falsos benefícios. (Fonte: Adital, 02/07/2010, Jorn. Tatiana Félix).
10 – Sobre o Tráfico de Pessoas para fins de remoção de órgãos:
Transcrevo alguns parágrafos do Relatório do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico, elaborado pelo Ministério da Justiça, divulgado em janeiro de 2010:  “O tráfico de pessoas para fins de remoção de órgãos é um crime altamente complexo, uma vez que envolve profissionais qualificados e instituições de saúde de considerável aparato tecnológico. Nesse tipo de crime, podemos verificar que parte de suas vítimas são pessoas com bom estado de saúde e jovens.
Um dos casos mais relevantes ocorridos no país acerca do assunto ocasionou a chamada “Operação Bisturi”, uma investigação realizada pela Polícia Federal (PF), ocorrida em dezembro de 2003, no Recife.
O comprador: um dos maiores pólos médicos do mundo, em Durban, na África do Sul. Os fornecedores: moradores da periferia do Recife. O valor: até US$ 10 mil por unidade. O produto: rins humanos. Esse é o resumo do maior caso de tráfico de pessoas para fins de remoção de órgãos no Brasil, descoberto pela Polícia Federal, que prendeu 11 pessoas, inclusive dois israelenses. A ação transformou em inquérito uma das mais temidas lendas urbanas, a da máfia de retirada de órgãos humanos.
A PF realizava a investigação há nove meses, sendo que o esquema, que funcionava há pouco mais de um ano, consistia em aliciar doadores na periferia do Recife e levá-los até a África do Sul. Lá era realizada a retirada de um dos rins; antes, porém, eles faziam exames em uma clínica recifense, que atestava a boa qualidade do “produto”. Pelo menos 30 pernambucanos venderam o rim à quadrilha e a polícia sul-africana também prendeu três suspeitos.
O esquema foi descoberto por meio da denúncia feita por um homem que iria vender um de seus rins, mas que desistiu antes da viagem. A testemunha contou o que ocorria, em detalhes, à Delegada da Polícia Civil Beatriz Gibson. “Depois de uma súbita viagem, os doadores, pobres e desempregados, compraram caminhões ou montaram pequenos negócios”, relata. Muitos dos que venderam o rim tornaram-se aliciadores e recebiam comissão de R$ 8 mil. “Só eram aceitos candidatos indicados por doadores anteriores, para manter a segurança”, detalhou o Coordenador Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, Ricardo Lins. Ele contou, ainda, que o número de pessoas interessadas em vender o rim cresceu tanto, que os agenciadores, a certa altura, baixaram pela metade o valor pago.
O desfecho do fato resultou numa Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Assembléia Legislativa de Pernambuco. A CPI foi instalada para apurar a denúncia de venda de rins, feita por trinta pessoas no Estado.” (p. 25-26)
Brasília, novembro de 2010

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Pornocultura e gravidez precoce


           Os resultados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher mostram um aumento no número de mulheres que estão iniciando a vida sexual mais cedo. O estudo, publicado em matéria do jornal O Globo, detectou que o porcentual de jovens que têm a primeira relação sexual aos 15 anos saltou de 11% para 32%. O total de adolescentes com idade entre 15 a 19 anos que se declararam virgens caiu de 67,2%, em 96, para 44,8% em 2006.
        Para estudiosos, a precocidade na vida sexual é um desafio a ser enfrentado pelo governo. “É um número preocupante e que merece toda a nossa atenção”, disse o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
         As meninas estão também se tornando, cada vez mais, mães prematuras. O número de grávidas de 15 anos quase dobrou nos últimos dez anos: saltou de 3% para 5,8%. Segundo o estudo, 32% das mulheres de 15 a 19 anos mantiveram a primeira relação sexual com 15 anos ou menos.
      O quadro, impressionante e preocupante, poderá levar, mais uma vez, aos diagnósticos superficiais e, por isso, míopes: investir mais dinheiro público em campanhas em favor do chamado “sexo seguro”. A camisinha será a panaceia para conter a epidemia da gravidez precoce. Continuaremos todos, de costas para a realidade. Sucumbiremos, outra vez, à síndrome do avestruz. Cuidaremos das consequências, mas contornaremos suas verdadeiras causas: a hiper sexualização da sociedade e o medo de educar.
          O governador de São Paulo, José Serra, quando ministro da Saúde do governo FHC, comprou uma briga com a apresentadora de TV Xuxa Meneghel. Serra, então, foi curto e grosso ao analisar as principais causas do crescimento da gravidez precoce: “É um absurdo acreditar que a criança vá ter maturidade para ter um filho com essa idade. Pregar a abstinência sexual de meninas de 11 a 14 anos não significa ser careta, mas responsável.” O ex-ministro responsabilizou a programação das TVs, considerando absurdas as cenas de sexo. “Já morei em dez países e em nenhum deles vi tanta exploração de sexo”, enfatizou Serra. A preocupação do então ministro, cuja trajetória pessoal e política não combina com histerias conservadoras, era compreensível e lógica. Apoiava-se, afinal, no bom senso e na força dos fatos. De lá para cá, como mostra a mais recente pesquisa demográfica, as coisas não melhoraram. Pioraram. E muito.
          A culpa, no entanto, não é só da TV, que frequentemente apresenta bons programas. É de todos nós - governantes formadores de opinião e pais de família -, que, num exercício de anticidadania, aceitamos que o País seja definido mundo afora como o paraíso do sexo fácil, barato, descartável. É triste, para não dizer trágico, ver o Brasil ser citado como um oásis excitante para os turistas que querem satisfazer suas taras e fantasias sexuais com crianças e adolescentes. Reportagens denunciando redes de prostituição infantil, algumas promovidas com o conhecimento ou até mesmo com a participação de autoridades públicas, crescem à sombra da impunidade.
          O governo, acuado com o crescimento da gravidez precoce e com o crescente descaso dos usuários da camisinha, pretende investir pesadamente nas campanhas em defesa do preservativo. A estratégia não funciona. Afinal, milhões de reais já foram gastos num inglório combate aos efeitos. O resultado está gritando na pesquisa mencionada neste artigo. A raiz do problema, independentemente da irritação que eu possa despertar em certas falanges politicamente corretas, está na onda de baixaria e vulgaridade que tomou conta do ambiente nacional. Hoje, diariamente, na televisão, nos outdoors, nas mensagens publicitárias, o sexo foi guindado à condição de produto de primeira necessidade.
            Atualmente, graças ao impacto da TV, qualquer criança sabe mais sobre sexo, violência e aberrações do que qualquer adulto de um passado não tão remoto. Não é preciso ser psicólogo para que se possam prever as distorções afetivas, psíquicas e emocionais dessa perversa iniciação precoce. Com o apoio das próprias mães, fascinadas com a perspectiva de um bom cachê, inúmeras crianças estão sendo prematuramente condenadas a uma vida “adulta” e sórdida. Promovidas a modelos, e privadas da infância, elas estão se comportando, vestindo, consumindo e falando como adultos. A inocência infantil está sendo assassinada. Por isso, a multiplicação de descobertas de redes de pedofilia não deve surpreender ninguém. Trata-se, na verdade, das consequências criminosas da escalada de erotização infantil promovida por alguns setores do negócio do entretenimento.
            As campanhas de prevenção da aids e da gravidez precoce batem de frente com novelas e programas de auditório que fazem da exaltação do sexo bizarro uma alavanca de audiência. A iniciação sexual precoce, o abuso sexual e a prostituição infantil são, de fato, o resultado da cultura da promiscuidade que está aí. Sem nenhum moralismo, creio que chegou a hora de dar nome aos bois, de repensar o setor de entretenimento e de investir em programação de qualidade.
            O custo social da gravidez precoce é brutal. Repercute direto na fatura da saúde pública, despedaça a juventude, compromete a educação e desestrutura a família. A solução não está no marketing dos preservativos, mas num compromisso sério com a família e a educação.
            O resgate da juventude passa pelas políticas públicas de recuperação da família e de investimentos na educação integral. Família sadia e boa educação são, em todo o mundo, a melhor receita para uma sociedade amadurecida. Trata-se de uma responsabilidade que deve ser exigida e cobrada pela sociedade e pelos eleitores.

O ESTADO DE SÃO PAULO-SP - 14 de julho de 2008 - Carlos Alberto Di Franco - (www.masteremjornalismo.org.br).

Atividades

01 – Elaborar um quadro comparativo do crescimento da gravidez e o aumento da precocidade nas relações sexuais no Brasil nos últimos anos.
02 – Qual é atitude do governo diante do quadro alarmante da situação? Explique.
03– Por que aumentar a propaganda de uso de camisinha não vai resolver o problema?
04 – Quais são as causas da gravidez na adolescência para o autor do artigo? Explique.
05 – Qual foi a posição do Governador de São Paulo, José Serra, sobre a gravidez na adolescência?
06 – Qual é a imagem do Brasil no exterior em relação ao sexo?
07 – Qual é a parcela de culpa da TV em relação ao aumento da irresponsabilidade sexual? Explique.
08 – O que significa erotização infantil?
09 – Como resolver o problema da erotização da sociedade, conforme o autor?
10 – Quais são as consequências de uma gravidez precoce para a sociedade e para as adolescentes?

terça-feira, 2 de abril de 2013

Turismo Sexual no Brasil

23 janeiro 2012 — Notícias

O Brasil é uma das rotas preferenciais do turismo sexual no mundo. Despontou como destino entre as décadas de 1980 e 1990, quando o mercado asiático começou a ficar saturado. Até hoje, no entanto, a Ásia lidera como o principal destino de turismo sexual do globo, com destaque para a Tailândia, altamente problemática. Em seguida vêm América Central, Caribe e América do Sul. Entre os principais destinos do turismo sexual no continente americano estão México, Cuba e Brasil.
Uma pesquisa patrocinada pela OMT e divulgada em 2005 revelou o perfil do turista sexual que vem ao Brasil. Ele é na maioria das vezes de classe média, tem entre 20 e 40 anos de idade, viaja desacompanhado ou com outros homens. Italianos, portugueses, holandeses e norte-americanos lideram o ranking dos turistas sexuais. Em menor número aparecem os ingleses, alemães e latino-americanos. Foram entrevistadas 1.400 pessoas para o levantamento, entre garotas de programa brasileiras e turistas sexuais.
Fonte:



Dados da Prostituição Infantil no mundo e no Brasil

O turismo sexual é ignorado pela maioria dos autores que estudam segmentação de mercado em turismo, embora citem em alguns trechos seus atrativos, a simples ideia que esse segmento exista, causa sensações desagradáveis em todo os membros do mercado internacional do  turismo. Ele engloba vários fatores de exploração do Ser humano no planeta, o tráfico de crianças, adolescentes e mulheres com fins sexuais, prostituição, escravização, tráfico de drogas e outras formas de violência e crimes, fazendo com que o turismo sexual seja um mal a ser combatido e condenado tanto no plano ético quanto no aspecto jurídico.
Esse segmento é à parte do mercado turismo que mais cresce em todo o mundo e principalmente no Brasil, começando a tomar proporções gigantescas. A falta de emprego, educação, saúde e de condições básicas para que as famílias possam criar seus filhos, fortalece o crescimento do turismo sexual que é alimentado da miséria, ignorância e fome. A situação foi discutida durante o I Congresso Mundial Contra a Exploração Sexual de Crianças, realizado em Estocolmo em 1996, onde dados estarrecedores foram revelados:

"A Ásia é continente mais atingido, com cerca de 600 mil crianças prostituídas nas Filipinas, 300 mil na Índia, 250 mil na Tailândia, 200 mil na China e 30 mil no Sri Lanka e no Nepal.(...)(...)Os tentáculos desta rede ignominiosa internacional estendem-se desde o Brasil, com 500 mil crianças prostituídas, e os Estados Unidos, com 300 mil, até  os países da Europa..."
Fonte: Revista Miriam - Exploração Sexual das Crianças - A Pedofilia - Lucílio N. Galvão – Nov. de 1996)

Para ler o documento completo, acesse:


sexta-feira, 29 de março de 2013

Genealogia dos deuses gregos





A origem do universo: Big Bang


Por que filosofar, no contexto atual?




O contexto cultural do século XXI encontra-se marcado pela presença das novas tecnologias da informática e da comunicação. Muitas ideias são produzidas e apresentadas de forma pronta e acabada. A realidade aparece como algo já feito, já dado e que, muitas vezes, não precisa mais ser pensada. Diante deste fenômeno cultural, emerge um questionamento: por que filosofar?

Laércio Jorge Zanghelini.
Professor universitário nas áreas de Filosofia e
Sociologia, em Indaial e Blumenau, SC.


          A filosofia volta seu olhar para a realidade do ser humano e busca fazer a análise, a reflexão, a crítica e a busca do fundamento e do sentido da realidade. Nesta situação, indica-se a questão da importância da filosofia e do filosofar na vida de cada ser humano. Entende-se que a filosofia faz parte da experiência histórica do ser humano. Da mesma forma, o filosofar é inerente à condição humana. Partindo dessas premissas, o ser humano não pode postergar esta essencialidade da sua vida que é a filosofia e o filosofar.

Em busca do sentido
A filosofia, desde sua origem, na Grécia, aparece como uma reflexão sistemática voltada para a compreensão da realidade humana. Não se estabelece como um pensar as questões cosmológicas e antropológicas de modo definitivo; porém, caracteriza-se com uma busca, um processo sempre dinâmico de definição das “verdades” de cada época histórica. Hoje, pode-se conceituar a filosofia dizendo que é a ciência, o conhecimento que visa, pela razão, a buscar o fundamento e o sentido da realidade humana. Ou seja, o objeto da filosofia é o próprio ser humano – é a própria realidade humana. Então, o objeto da filosofia é o ser humano que é o próprio que está filosofando. Neste movimento de busca do “quê”, do “por que”, a filosofia não para nos fatos, nas situações m, mas vai além da experiência. A filosofia indaga o sentido do ser e do fazer, do agir humano. Não está à margem da vida, nas nuvens ou no Olimpo; mas, reflete com criticidade, radicalidade e totalidade sobre a existência. Como, por exemplo: como devemos viver? Qual é a coisa mais importante na vida? Quem sou eu? O que é o universo?
A atitude filosófica é uma característica indissociável da condição humana. Apesar de que para qualquer assunto pode-se inferir uma reflexão filosófica, isto não significa que qualquer pensar seja filosófico. O filosofar tem suas exigências próprias. Filosofar é um processo de busca, de investigação sobre a realidade, de questionamento, de inquietação, de admiração diante do mundo e da vida. O filosofar caracteriza-se como uma investigação sobre o mundo e se identifica com esta atitude: é preciso perguntar o quê, o como, o porquê das coisas, das ideias, do significado das situações. O filosofar é, assim, um movimento de reflexão sobre si mesmo e sobre a realidade. Portanto, o ser humano, ao filosofar, indaga o  quê, o para quê; sobre o que pensa; o que se diz e o que se faz.

Tarefa da Filosofia
O filosofar visa olhar a realidade humana e o mundo sem compartimentá-lo, sem parti-lo em fatias. Busca o todo. O hábito da filosofia é a decifração do enigma humano. No ato de filosofar, o ser humano quer que sua investigação, que sua reflexão esclareça os pressupostos do próprio conhecimento para que os conceitos não sejam vistos como donos da última e derradeira verdade sobre o fenômeno em questão.
            Destaca-se que o ser humano caracteriza-se mais como um ser das possibilidades do que um ser determinado e totalizado em seus condicionamentos. Este ser de possibilidades realiza-se através das próprias decisões tomadas para transcender as próprias determinações históricas. Então, o ser humano desvela-se como alguém responsável por si mesmo e por seu mundo. Refletir estas questões próprias da existência humana é uma das tarefas da filosofia e do próprio sentido de busca, do filosofar as questões humanas.
            A filosofia contribui no sentido de pensar, de efetivar uma reflexão com criticidade, radicalidade e totalidade sobre a realidade humana. Se, de um lado, constata-se que o raciocínio não consegue abranger o todo; porém, ao filosofar, não se abre mão desta busca pela totalidade, mesmo que seja como um horizonte a ser buscado. Essa totalidade é diferente do conceito e da abrangência totalizante da ciência. A explosão da técnica, das ciências, não consegue dar uma base sólida para tudo, para todas as questões. A identidade específica do ser humano é o pensar. No momento em que ocorre a desvalorização desta capacidade, a pessoa perde sua maior riqueza. O “homo sapiens” começa a anular-se, a massificar-se e a instrumentalizar-se. Pode-se, assim, refletir sobre a importância da filosofia e do filosofar no contexto cultural atual.
Mundo Jovem. Jornal de Ideia, PUCRS.
Edição 315, abril de 201, p.9

Atividades

1 – Pesquise no texto as frases sobre a filosofia e o filosofar.
Elabore com elas um quadro comparativo com as ideias encontradas. Exemplo:

FILOSOFIA E FILOSOFAR
Ideias sobre FILOSOFIA
Ideias sobre FILOSOFAR

1.
2.








1.
2.

2 – A partir das ideias encontradas, responda o que significa filosofia e o que significa filosofar.
3 - Elabore um texto argumentativo sobre a filosofia e o filosofar utilizando-se as informações recolhidas do texto estudado. Dê um título para o texto.
Orientações sobre texto argumentativo
O que é argumentar?
É persuadir racionalmente alguém.
Quando usamos a argumentação?
Quando queremos defender um ponto de vista.
Quando apresentamos a nossa opinião.
Quando propomos uma solução.
Quando queremos convencer os outros sobre uma ideia, uma opinião ou um pedido.
Dica: Escrevam um texto tentando convencer os jovens a estudarem filosofia.

terça-feira, 26 de março de 2013

Valores





Segundo Ulisses Araújo (2007) os valores são construídos a partir da projeção de sentimentos positivos que o sujeito faz sobre objetos, e/ou pessoas, e/ou relações, e/ou sobre si mesmo. Com isso, entende-se que um sujeito pode projetar sentimentos positivos sobre: objetos (ex: a escola); pessoas (ex: um amigo ou o pai); relações (ex: a forma carinhosa com que um homem trata uma mulher, ou um professor a seus alunos); sobre si mesmo (e aqui temos a base da auto-estima).
Poder-se-ia afirmar que os valores definem-se como sendo entidades de juízo; não existem na realidade, não são propriedades dos objetos, são atribuídos às coisas por um sujeito. Valor implica sempre uma relação de um sujeito com um objeto, ao qual este atribui um determinado valor. Apresentam-se como entidades ideais que representam a perfeição e o seu oposto. Na busca de valores, o homem vai aperfeiçoando-se.
Os valores são apresentados de modo hierárquicos. Ordena-se em escalas que vão do menos para o mais. (Gosto mais, gosto menos, gosto, não gosto). São variáveis de pessoa para pessoa. Cada pessoa constrói sua escala de valores que influencia suas escolhas constituindo-se em uma hierarquia. O que gosto mais o que gosto menos.
Por outro lado, os valores podem ser negativos ou positivos. São polarizados. Aparecem sempre com uma dupla face: positiva e negativa. A um polo positivo (por exemplo: bonito) opõe-se sempre um polo negativo (no exemplo: feio).
Para que exista um valor é necessário que exista um juízo. Existem juízos de fato e juízos de valor. Pelos juízos de fato entendemos os que são descritivos ou de existência. Descrevem e informam acerca da realidade concreta sem emitir preferências e apreciações. Podem ser facilmente considerados verdadeiros ou falsos, conforme se adéquam ou não à realidade, e podem ser objeto de verificação empírica. Isto é, em relação ao juízo: "A árvore deu frutos", que é um juízo de fato, eu posso olhar e verificar se é verdade ou não verdade.
Os juízos valorativos julgam fato e realidades em função de preferências. Estes juízos não são verificáveis empiricamente e não são, normalmente, alvo de consensos. Podem ser de apreciação moral, estética, religiosa, vital, de utilidade, entre outros.
Os valores são guias de ação, aquilo que “põe em movimento” os comportamentos, as condutas das pessoas. Na nossa vida estamos sempre a fazer juízos de valor e a guiarmo-nos por eles. Eles orientam a vida e marcam a personalidade; uma pessoa define-se, diz quem é, em função dos valores que tem.
Os valores orientam as nossas preferências; eu prefiro isto ou aquilo em função dos valores que tenho. Por exemplo, se a igualdade de direitos é um valor importante para mim, eu vou optar por não discriminar as pessoas pela sua raça.
Por causa dos valores as coisas se apresentam de forma diferenciada para as pessoas. Ou seja, há coisas de que se gosta e não se gosta; há coisas que se admira e coisas que não; outras que se respeita e outras que não se respeita. O que gosto pode ser que não seja o que o outro gosta. O que respeito, pode ser o que o outro não respeita.
É em função desta perspectiva que os valores conferem sentido à vida pessoal e social. Organizam a visão de mundo das pessoas e conferem a elas significado para a existência.
Assim, alguém poderia dizer: “Não vivo sem teu amor”. “Você é tudo para mim”. “Mãe, eu te amo!”.


Atividade:

1 – Em uma folha, escreva cinco valores que você considera positivos e negativos.
2 – O que são juízos de valor e juízos de fato?
3 – Dê exemplos de juízos de fato e juízos de valor.
4 - Em sua opinião, quais valores são predominantes em nossa sociedade. Por que?
5 – Por que certos valores são valores positivos para alguns e negativos para outros?
6 – Que valores são importantes para a sociedade viver em paz? Justifique a resposta.

Um forte abraço do Prof. Caetano.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Desafio contemporâneo


Matrix




Libertação da Grande Matrix Global

A Matrix é uma supermáquina que domina a todos através do controle de nossas mentes, de nossa sensibilidade, de nossas emoções, de nossas fantasias, prazeres, etc. A Matrix é uma espécie de estimulação neurointerativa, isto é, toma conta da nossa mente e nos domina por inteiro; faz com que percamos a noção da realidade e nossa vontade seja voltada inteiramente para servi-la.
No filme, é necessário que Neo seja conectado à uma máquina para entrar na Matrix. A interação entre homem e máquina.
Na realidade em que vivemos, precisamos de conectores horrendos em nossas cabeças para sermos dominados pela matrix Global? Onde está a Matrix Global?
Perguntando de outro modo: quais são os agentes dominadores da nossa realidade emocional, prazerosa, sentimental, amorosa, etc ?
Não obstante as perguntas acima, é preciso mudar o foco. As perguntas poderiam e deveriam ser outras. Tais como: podemos nos libertar da dominação? Podemos afirmar nossos valores individuais, nossas qualidades e nos distanciarmos daquelas que a Matrix do consumo quer nos impor?  Por que somos, o que somos? Podemos mudar a configuração e a programação que nos impõem? É a máquina que manda em mim ou sou eu que mando na máquina? É possível viver sem as máquinas modernas? Você seria capaz?
Se assim fizermos, certamente, estaremos caminhado em direção à libertação. Libertação de todas as fantasias impostas e não construídas por nós mesmos. Libertação da tentação do consumo dominador ilimitado e destrutivo. Libertação de toda forma de invasão de nossa privacidade, que nem sequer, paramos para questionar.
Conhece-te a ti mesmo. Seja livre! Seja você.
Um forte abraço do prof. Caetano.

Mito de Prometeu e Pandora


domingo, 24 de março de 2013

A mudança vem de pequenos grupos


Faça o bem, não importa a quem!


Mito Babilônico da Criação


Mito Babilônico da Criação

      No início havia somente o Caos, aquoso, com Apsu e Tiamat, que repre­sentavam, as águas doces e salgadas.
     Então o céu ainda não tinha nome e a terra ainda não tinha nome... Foi então que esses príncipes começam a se organizar e, do casal primitivo, nasceram Lahmu e sua companheira, Lahamu. Desse casal, um pouco mais tarde, nasceram Mumu, de­pois Anshar e Quísar, isto é, a totalidade do céu e da terra. Deles nasceram  Anu, o deus dos céus, Enlil, o senhor do ar (que mais  tarde se tornar também senhor da terra) e Ea, o deus das águas; do abismo que cerca o mundo. Por briga e bagunça, os três deuses nascidos, se tornam insuportáveis a Apsu e a Tiamat.
       Os jovens deuses, advertidos, reagem; Ea, graças a seu poder mágico, se torna senhor de Apsu, que ele condena à morte, e de Mumu, que aprisiona. O furor de Tiamat não conhece limites; dá à luz onze monstros terríveis que enfrentam seu inimigos; um desses monstros é Quingu, que se torna seu esposo.
        Entretanto, o tempo passa e nasce um filho a Ea, Marduk.
       Desde o nascimento, Marduk é um prodígio: "O sábio dos sábios, o mais sábio dos deu­ses; no seio do abismo nasceu Marduk; sua estatura era esplên­dida, brilhante o fulgor dos seus olhos; seu nascimento foi o de um macho, ele fecundou desde o início... Tem quatro olhos e quatro orelhas..." 
Durante os preparativos de Tiamat, Marduk cresceu.
      Os deuses declaram-se impotentes para dominar Tiamat, inclusive Anu e Ea, cujos sortilégios haviam dominado Apsu.
       Todos os deuses, então, salvo Tiamat e o exército de Quingu, investem contra Tiamat. Reúnem-se, para organizar a defesa, num banquete, onde bebem para ganhar coragem. 
"O vinho suculento dissipa seus temores, seu coração se dilata, falam em altas vo­zes..." 
Propõem que Marduk se apresente como campeão dos deuses; ele consente, mas, tão prudente como o pai, estabelece condições; terá autoridade sobre os demais deuses e ninguém poderá ir ao encontro das suas decisões.
Os deuses consentem e cada um lhe dá a arma que fazia a sua força e, para lhe provar o poder, surge a prova da veste: 

            "Então os deuses puseram uma veste no meio deles e
             Marduk, o pri­meiro nascido, disseram:
             __Ordena que seja destruído ou criado, e assim será feito.
             Abra a boca e a veste será destruída.
             Dá nova ordem e a veste se encontrará intacta.
             Marduk, então, falou e a veste foi destruída.
             “Falou de novo, e a veste se reformou.”

       A seguir Marduk prepara suas armas: os quatro ventos, o raio, o furacão; e o combate começa.
       As armas mágicas de Tiamat não funcionam a contento e Marduk lança sobre ela uma rede.
     Tiamat abre a boca para vomitar chamas e Marduk se aproveita para nela precipitar um dos quatro ventos e fura o corpo estufado do monstro.
      Sobre o cadáver de Tiamat, Marduk canta um hino de vitória. Corta seu corpo em duas partes, como o corpo da ostra. E de uma face faz o firmamento e de outra a terra.
     No firmamento estabelece o domínio dos deuses da primeira tríade. Quingu, que fora preso, cede as tabuinhas do des­tino, que estavam com ele.
     Depois Marduk propõe criar um ser que se chamará "homem"; ele lhe imporá o serviço dos deuses "enquanto estes repousam".
       Mas a criação do homem exige sangue, e Quingu é sacrificado.
       Depois Marduk separa os deuses em dois colégios.
       Os deuses do céu e os do mundo subterrâneo.
     Reconhecidos, os deuses lhe oferecem o Esagil (Templo da Babilônia)  e cada um, dando seu nome, lhe outorga um título.


Adaptação e correção do texto: Prof Antonio Caetano Oliveira

Fonte:

http://www.astrologosastrologia.com.pt/mitos&mitologia=mitologia+babilonica.htm



Esagil ou Esagila  = templo da Babilônia.